(Pausa para reflexão)
Mudanças profundas de mercado, comportamento de consumo, novos paradigmas, novos medos. Está muito mais difícil ser um líder de empresa (e especialmente para quem é obcecado por controle – tem bastante gente assim).
Nessa era de descentralização, mudamos a gestão as nossas empresas.
Vamos olhar, por exemplo, há 3 anos atrás.
Quais mudanças você sentiu em você nestes últimos anos?
Por aqui, consigo enxergar muitas diferenças nesse antes e depois: adaptações que fizemos para sobreviver, mas que, na verdade, só aceleraram tendências de des-industrialização das relações de trabalho.
É importante fazer essa auto reflexão.
Veja com o que se identifica.
Gestão: o que mudou?
Não dá para generalizar, cada cabeça é única.
Entretanto, quero compartilhar aqui alguns exemplos que reconheço no meu jeito de olhar para a empresa.
São coisas aceleradas pelo período de transformação mais intenso que já vivemos.
Drive automático de economia
Controlar o caixa nunca foi tão sério e importante.
Me tornei mais naturalmente conservador, seguro. O financeiro joga na retranca e o olhar de todo mundo para o orçamento ficou mais cabível.
Porquê: não temos controle do mundo externo e isso ficou provado.
Então, somos mais conservadores com o que temos controle, nossa própria gestão financeira. Ter reservas mostrou-se chave para contexto de ZERO-certezas.
A revolução da confiança
Acelerado pelo modelo híbrido, as estruturas ficaram menos hierárquicas, mais leves. Para manter a empresa ágil, as decisões devem ser descentralizadas – e isso demanda autonomia e confiança.
Porquê: impossível reter talentos sem política de trabalho flexível.
Aqui, um pensamento: a autonomia transcende tanto, deve ser tão radical, que nem existe mais como prerrogativa, como ideia. O princípio da NÃO-hierarquia passa a valer mais para gestão.
Processos assíncronos
Alerta de ansiedade!
Neste modelo remoto não teremos respostas em tempo real. Isso jogou lá em cima a necessidade de criar documentos, conversas escritas e menos imediatismo.
Porquê: é mais rápido tomar decisões quando estamos juntos. Mas a distância nos permite pensar melhor sobre as respostas. Precisamos mesmo ser tão rápidos?
Estamos falando sobre qualidade de decisões, não apenas quantidade. E isso requer mais tempo.
Autorizado a ACHAR
Quando eu comecei a trabalhar os chefes falavam para nunca usar o termo “Eu acho” nas conversas ou reuniões. Era proibido.
Demonstrava fraqueza.
Era sinal que você não tinha dados ou não tinha feito a lição de casa.
Sempre ACHEI isso uma besteira. Estes tempos deram ainda mais espaço ao instinto.
E mais: quem sempre tem certeza é uma pessoa chata e intransigente. Não ter certeza é bom, desapegar de ideias idem. É a regra para tocar as empresas.
Por exemplo: antes, eu gostava muito mais de um planejamento estratégico. Tem gente que adora um bom e velho planejamento estratégico. A transformação digital já pulverizou esse hábito engessado, pelo simples fato de que: não é possível planejar nada a médio prazo.
Eu gosto do conceito de tese, framework e ideias descentralizadas. Quer tentar algo novo? Só vai. A estratégia é construída todo dia e não fica numa apresentação de 100 páginas datada.
Pode achar, sim, é bom criar dúvidas.
Mudanças na ideia de empreendedorismo e gestão
Houve muita transformação no que é o empreendedorismo, também.
Se antes era um exercício meio glamouroso de independência e autonomia, hoje é um ato de coragem e responsabilidade pelo mundo e vidas alheias. Parece paradoxal; o funcionário tem mais liberdade que o empreendedor. Essa coisa de liberdade e autonomia é uma baboseira, quiçá, superestimadas.
É preciso de mais coragem para empreender, é um ambiente traiçoeiro.
(E ainda mais coragem nesses tempos, afinal, estamos em meio à maior revolução do trabalho desde a revolução industrial).
No Podcast Pense Como, abordamos esse tema na veia. Recomendo:
De qualquer maneira, a gestão e o empreendedorismo se encontram na necessidade do outro, de fazer o que tem que ser feito HOJE. É necessidade e não alguma espécie de vitória.
Valorização das marcas e do marketing
O marketing, que sempre tem seu orçamento cortado na primeira recessão, provou-se a arma maior de crescimento, sobrevivência e conexão. Porque faz a empresa olhar para fora.
Eu torço por um mundo em que mais gente de comunicação, marketing e setores criativos cheguem às principais posições de liderança nas empresas.
A gestão que não tiver esta visão, não sobrevivem nesse contexto de negócios tão caótico.
A marca sustenta todo o resto: inovação, testes, período de vacas magras. Da velocidade em qualquer retomada.
Isso mudou na cabeça dos líderes que só pensam em marketing como acessório. Não é. É base.
Faça sua própria auto reflexão
Este texto foi baseado em uma auto reflexão, nas minhas próprias mudanças dos últimos anos para cá. E você, no que sente que mudou?
Quem estava à frente de empresas no nosso segmento durante esses últimos tempos TEVE que mudar, não tem jeito.
O importante é abraçar esse novo você – e estar sempre pronto para novas ideias. Amanhã pode ser diferente.